O processo de globalização além de promessas positivas para a Humanidade representa um rolo compressor invisível que ameaça as identidades culturais de uma maneira ou de outra. Faz bem, portanto reencontrar as mais antigas raízes da cultura popular, ainda preservadas na literatura oral, inclusive em forma de festa ou folguedo popular. Na I parte contando como nasceu esta pesquisa de campo sobre os “Fandangos em Pernambuco”. Nossos relatórios de pesquisa, dos anos 1964 e 1965 foram perdidos por conta da grande cheia do Rio Capibaribe, em Recife. Refizemos o essencial dos dados a partir das gravações da época e dos estudos anteriores a respeito do fenômeno no Nordeste, como Henry Koster é a primeira fonte de Fandango, como ele assistiu na Ilha de Itamaracá, em 1814. Apresentamos a documentação deste auto, ou dança dramática dos grupos de Itamaracá e de Nazaré da Mata, municípios de Pernambuco. Sabemos que Pernambuco ficava na rota marítima lusitana, do tempo das grandes travessias entre Portugal e o Oriente, como a Índia - Goa. Comparamos o conteúdo de versões do Fandango. Tendo em vista os arcaísmos da linguagem ainda preservados apresentamos notas explicativas e glossários dos termos mais interessantes.
Na II parte trata-se de um longo conto de raízes medievais, chamado: “O VIADINHO”, ou seja, veado, mas que poderia também ser chamado o casamento do príncipe Rodrigues, no reino encantado do Mira-mira. Tendo em vista as características do texto, tentamos manter o fielmente os originais que infelizmente a informante não assinou seu preciso caderno escolar com vinte e quatro páginas escritas. Para facilitar sua (re)utilização e inclusive em outras línguas apresentamos já uma tradução integral do mesmo conto para o francês. Neste longo trabalho de tradução contei com a preciosa colaboração de Valérie Bindel de Andrade.
Autor e obras recentes
José Maria Tavares de Andrade estudou Filosofia em Olinda e Recife foi jornalista (Revista Cruzeiro e Veja) e pesquisador da cultura popular junto a Mauro Motta (Fundação Joaquim Nabuco), Hermilo Borba Filho e Ariano Suassuna, desenvolvendo o projeto de pesquisa: Música Popular Religiosa (DEC-UFPE, 1967-70). Projeto que está na origem do Movimento de renovação litúrgica de Ponte dos Carvalhos - Cabo (PE) e do Movimento Armorial. Bolsista da Universidade Católica de Louvaina (Bélgica) entre 1970-73 obteve o título de Mestrado em Sociologia e em Linguistica. Fez doutorado em Antropologia com Roger Bastide (Sorbonne - Paris III, 1967) e Pós-Doutorado em Epistemologia da Complexidade com Edgar Morin (EHESS, 1989). Ensinou em Londrina (1973-78) e na UFPB até 1994, atuando na Extensão Universitária junto ao pioneiro Centro de Defesa e Direitos Humanos, fundado por Dom José Maria Pires e atua na ONG AGEMTE (PB). Criou a Disciplina Antropologia da Saúde/Doença e o Grupo Interdisciplinar de Plantas Medicinais, ensinando e pesquisando no Mestrado em Ciências Sociais da UFPB. É pesquisador do Institut de recherche interdisciplinaire sur les sciences et la technologie, Université de Strasbourg - França deste 1994 e responsável pelo Seminário de Etnomedicina
Obras do mesmo autor disponíveis em amazon.com.br:
Triângulo ABC da complexidade;
Quéssia, divindade homem-planta (vol. I)
Quéssia voltou (vol. II);
José os seus e o mundo - Auto exo ecobiografia;
Galeria pessoal;
Carta baralho.
Coleção Antropologia Brasileira:
MAGIA: SAÚDE E RELIGIÃO (volumes I);
MAGIA: SAÚDE E RELIGIÃO (volumes II);
POVO DA FLORESTA, CAMPONESES E PIONEIROS;
Raízes de cultura popular (volumes I);
Raízes de cultura popular (volumes II);
Plantas medicinais e complexidade;
Valores em Bioética e Direitos Humanos.
Outras obras recentes
Mitologia da Mata ao Sertão, Ed. UFPE, Recife, 2014 (no prelo).
Une mythologie brésilienne, Harmattan, Paris, 2014.
Plantes médicinales et complexité, Harmattan, Paris, 2013.
Magie, Ethnomédecine et Religiosité au Brésil, Harmattan, Paris, 2013.
